Chorava eu pelas madrugadas
E não imaginava o que poderia
Dissipar aquela angústia nefasta
De mais um dia de solidão.
Havia uma penúria
Que dilacerava as últimas esperanças
De uma vida sonhadora.
Não há sonhos que resistam
À força destruidora
De olhares incriminadores.
O desejo era libertar-me
Das amarras cortantes e sufocadoras
De uma ilusão
Que insistia em rasgar-me o coração.
O meu lamento era cruel e espantoso
De uma vida sem sentido
Rumo ao abismo eterno.
Mas, no profundo do meu sofrimento,
Quando eu pensava
Não ter mais nenhuma esperança
É que descobri não estar sozinho.
Descobri que Tu estavas comigo.
Tu me procuravas
Como o Pastor busca sua ovelha perdida.
Quando pensavas não ter mais livramento
Dos grilhões que me prendiam
Eis que tua luz invadiu
Meu caminho envolto em trevas
E libertou-me!
Poema: Odair José, o Poeta Cacerense