O vento levou as palavras escritas, palavras simples, como é simples o amor que emerge saltitante das mãos. Não sei se elas chegaram até ti, se as amparou ou as guardou no horizonte longínquo
Só sei que ainda ecoam no peito como borboletas sugando o pólen já exausto, como o sangue que abraça o coração num tique-tac, tique-tac, acelerado.
Tudo fica no instante …, amanha as palavras renovar-se-ão vivas ao sabor dos dedos trémulos, mas no silêncio salgado dos lábios. Serão cantadas pelos olhos desfocados sentados no pedregal do areal.
Tenho saudades de mim…de ti, da liberdade das palavras lançadas no labirinto do poema soalheiro aos pássaros que debicam o céu na rapidez do tempo
Labirinto enclausurado de rimas versadas, da paixão com que os dedos moldavam os sentimentos do corpo ainda selvagem e do pulmão oxigenado de mundos, do meu…do teu…
Era o vai vem dos músculos respiratórios, inundando cada partícula perdida no desassossego da pele ..
E o mar continuará a lavrar a areia, numa repetição desigual de marés terrenas, mesmo no silêncio dos teus lábios
Escrito a 17/05/16