Fossem meus olhos
bordar a luz nos imensos céus
onde pairam os silêncios teus e então trocaria de vez
o sentido impaciente com que descrevo
nossa entrega sem indiferenças nem contemplações
ao eco das plenas recompensas
e sublimes ilusões
Que me ornamentes as palavras
tecidas na súbita
poesia abençoada na penumbra
dos nossos ternos
e saudosos brados alimentando
degrau a degrau
o breve sonho deixado no rodapé
do tempo abandonado neste insano
poema escapulindo
no silenciar de um verso
acordando sedento
de ti nunca, nunca prescindindo
Assim te estendo meu estuário poético
onde tudo é aventura
e transita vagarosamente à beira
dos nossos rios
como sonhos que se desintegram
impressos em cada átomo
de vida avassaladora
em cada existência demolidora
onde traduzimos em delicadezas a graça comovida
sorrindo em infinita beleza assim comprometida
Fossem meus olhos olhar-te num
instinto de inspiração
e desenharia teus infinitos meteóricos movimentos celestiais
alcatifando a soleira do tempo onde
cada afago
domestica os movimentos sensoriais
da vida elegante
brotando tão crucial
Fossem os céus os prados memorizados desta madruga extravagante
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
e não mais morreria consumido no
sopro da esperança
mas duraria na vulgaridade do
tempo estonteante
toda a eternidade expectante
excitada pela arquitectura da
sabedoria desabrochando acalentadora
e delirante
FC