Prosas Poéticas : 

Degrau a degrau

 
 
Fossem meus olhos
bordar a luz nos imensos céus
onde pairam os silêncios teus e então trocaria de vez
o sentido impaciente com que descrevo
nossa entrega sem indiferenças nem contemplações
ao eco das plenas recompensas
e sublimes ilusões

Que me ornamentes as palavras
tecidas na súbita
poesia abençoada na penumbra
dos nossos ternos
e saudosos brados alimentando
degrau a degrau
o breve sonho deixado no rodapé
do tempo abandonado neste insano
poema escapulindo
no silenciar de um verso
acordando sedento
de ti nunca, nunca prescindindo

Assim te estendo meu estuário poético
onde tudo é aventura
e transita vagarosamente à beira
dos nossos rios
como sonhos que se desintegram
impressos em cada átomo
de vida avassaladora
em cada existência demolidora
onde traduzimos em delicadezas a graça comovida
sorrindo em infinita beleza assim comprometida

Fossem meus olhos olhar-te num
instinto de inspiração
e desenharia teus infinitos meteóricos movimentos celestiais
alcatifando a soleira do tempo onde
cada afago
domestica os movimentos sensoriais
da vida elegante
brotando tão crucial

Fossem os céus os prados memorizados desta madruga extravagante
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
e não mais morreria consumido no
sopro da esperança
mas duraria na vulgaridade do
tempo estonteante
toda a eternidade expectante
excitada pela arquitectura da
sabedoria desabrochando acalentadora
e delirante

FC

 
Autor
Frederico
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/06/2016 15:12  Atualizado: 19/06/2016 15:12
 Re: Degrau a degrau
De certa forma faz sentido haver a possibilidade de uma pessoa morrer ou ser consumida no sopro da esperança, decerto penso eu que que a esperança é uma espécie de armadilha, refúgio ou trampolim, há que se ver onde está posicionado o coração e a percepção.

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 20/06/2016 10:47  Atualizado: 20/06/2016 10:47
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8483
 Re: Degrau a degrau
Bela forma de expressar os sentimentos da alma, lembrando que a esperança existirá sempre até ao último suspira da vida na Terra,

Gostei da leitura, parabéns.
Abraço!
upanhaca