Falemos agora de flores, académicas flores.
Graciosas flores.
Falemos então da delicadeza
das amendoeiras (… e de mouras em espera).
Falemos de laranjeiras nubentes
ou talvez, do cheiro claro das tangerineiras
(endémicas, aqueloutras, outras gentes),
ou ainda, quiçá, das nogueiras róseas dali.
[Um quadro exposto, um risco, um dissipado traço,
outrora lírio branco e logo roxo].
Falemos de flores – limões ácidos em derribamento no terraço.
[Reticulado o chão, a raiz e o quadrado da soma dos tempos,
no tanque vertical do peixe doirado].
Falemos de flores, agora mais devagar,
pausada,
calma,
lenta, lentamente.
Pétalas suaves em queda e logo o baque, ciclónico movimento.
Violentas flores!
Aqui ainda existe um baloiço na noite de luar.
Um açafate de espuma, um coral, um veio de luz em cesto de bruma.
E um sono,
e um sonho dependurado em cordas dérmicas
... de flores.
Falemos de flores.
Vamos soletrar devagar a palavra amor.
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