As palavras:
do símbolo ao significado das mãos
o peso do prumo
que o sentido abalroa
numa onda caindo
rumo ao precipício
o som coagulado do silêncio
em torno do sangue fervente
que uma lágrima deixou
o pouso tranquilo
no fio da vida inquieta
num equilíbrio periclitante
o pousio perfeito
em terra arrumada
nos socalcos da fantasia
e cada acento é a grave urgência
ou a aguda sensação
de que algo ficou por dizer
sempre haverá a morte
no abismo da sinonímia
que transgride a lembrança doce
porque a foz do orvalho germina
a jusante dos lábios entreabertos
que a língua saliva
e as penas que pensas
com o coração
aninham-se
num ninho só
eclodindo mais palavras.