Não há como apagar
Tantas cenas de nós
Nas vagas de um tempo mágico
Onde o infinito existia num instante
Onde éramos os únicos sobreviventes de um planeta distante
E bem junto a ti, decorei todas as linhas
Dos teus olhos, da tua boca...
Medi a temperatura do teu corpo junto ao meu
Em perfeito aconchego
Num abrigo ideal
Ah.... e teu riso?! Maldade, tamanha lembrança...
Na meninice das tantas brincadeiras
Este riso me assolava a boca com beijos trocados
Tapava-me a voz e supria todas as palavras não ditas
Imagens tatuadas, vivas na memória
O sabor desse tempo degustado a dois
Do sal brotado da pele após o amor
O perfume do teu hálito morno
No sussurrar da tua boca recitando Neruda
Sim... maldade, tantas lembranças
Minha alma azul se encontrava no teu corpo de sol.
Sem outros desejos, sem outras vontades
Apenas este caminho que segue...feliz.
No silêncio dizemos que ficamos... que queremos
O amor sempre será breve, insaciável, rio que corre
Somos tudo e um tanto mais
Maldade este tanto sentir
Da saudade que não cessa mesmo lado a lado
De calma e frenesi
Do conforto que estremece
Nós... sempre em eternas esperas
Maldade tantas lembranças...
O poema O Teu Riso, de Neruda, foi uma “lembrança” aqui no meu escrever.