Ranger de dentes afiados soam malignos,
o zumbido rompendo o silêncio celestial,
algures exsurge a Besta liberta dos signos,
despertada ávida do sono milenar ancestral.
Tremer ante tal poder não será vergonha,
que se rompam os tão frágeis elos servis.
No leito de fogo sob um dossel de peçonha,
qual rameira a Besta se contorce em covis,
entrelaça a beleza esfumaçada de pecado,
com sigilos fusos na lava do forno execrado.
Exulta ao ver brilho nos semblantes sóbrios,
quem se atreveria a sonhar com a realidade,
a cada novo dia exaltar ainda os opróbrios ?
Tem o mundo todo encantado no jugo,
último louco poderá escolher a guilhotina,
condenado a mirar o patíbulo e o verdugo,
por um último juiz vestido de purpurina.
Nessa hora, o brilho azul dos raios fulgentes,
partirá as porções do céu em nuvens de pó,
e vão chorar e gemer, horror sem precedentes,
ouvindo as vozes aos gritos saudando Jericoh.
Ao som das cornetas vão cair essas muralhas,
nem mesmo os corvos sobreviverão das migalhas.
Longo manto roxo vestindo, senhor das magias,
em cadeias de sortilégios o poder de vilanias,
haverá de despertar o gigante no crepúsculo.
Um visitante alado calará os lábios dos impios,
tantas cobras e aranhas nas ruínas medrarão.
Deslizando nas ruas das desditas como rios,
as almas estarão livres depois da maldição,
longe perdidos os sons da pecaminosa diversão.
Expiadas todas as lágrimas de sangue e dores,
talvez exulte a alegria pagando os louvores,
então estará quitada minha antiga obrigação.
by Arys G@iovani