No Corpo
Eu me puxo
Repuxo
Envolvo
Deito
Deleito
Revolvo
Embriago
Não ressaco…
Eu me viro, reviro
Choro, gargalho, sorrio
Rascunho a vida,
Deito fora
Busco outra mais bonita,
Troco de caneta
Para sair bem a letra
Nunca me sinto só
Mas olho à minha volta
E não tem ninguém do meu lado.
E quando tem,
Não me sinto eu…
Eu me revolvo no caminho
E falo com Deus
– Porque tudo é tão belo assim Pai e tão triste?!
E não cesso de O questionar, e me zango com Ele
Ainda que O ame ou respeite, nem eu sei…
Eu caio prostrada bem no meio das pedras
E silencio o grito inútil da dor
Me amordaço no corpo
Para me libertar no espírito
E uma vez mais resmungo com o Criador
Mas é cambaleando que renasço
É mutilada,
Jorrando sangue pela caneta
Que eu quisera bonita da vida.
Uma criança me pega pela mão,
Ela que eu nem sei quem é,
Confusão se instala neste cérebro louco
De tanta lucidez,
E como uma brisa fresca de Outono
Me beija.
O céu tem agora odor de alfazema e risos de andorinhas.
© Célia Moura
© Célia Moura – A publicar “Terra De Lavra”