... Não ajudei o vento a construir dunas,
nem me esforcei com as marés tão insanas...”
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- Ah! Como eu queria... -
Ainda queria viver. Ah! Como eu queria...
Viver intensamente, esmagadoramente,
imensamente, somente viver.
Ainda não vi o suficiente!
Quando nasci a terra já era verde,
não fiz o céu azul.
Não ouvi o bastante o vento nas ramas dos salgueiros,
nem o canto dos pássaros saudando um amanhecer.
Sinto que ainda tenho muito para ver, ouvir e sentir
neste mundo conturbado.
Não ajudei o vento a construir dunas,
nem me esforcei com as marés tão insanas
abatendo-se nas falésias.
Sem que eu fizesse nada, as jangadas enfunaram velas
e partiram, serenas, para mais um dia em alto mar
estendendo as redes para o sustento.
Ah! Como eu queria viver mais ainda...
Quando abri os olhos, o sangue já corria
tingindo de rubro a face da terra.
Fui impotente para impedir a Crucificação,
não detive o Holocausto.
Apequenei-me diante da força dos vulcões,
e da violência dos tsunamis.
Não me esforcei o suficiente
para as flores desabrochassem,
para que o orvalho polvilhasse
o aljôfar nas manhãs de inverno.
Quando nasci já havia este mundo.
Orbe cruel que não ajudei a construir.
Não fui obstáculo para que os canhões troassem,
não calei vozes emocionadas
saudando colinas conquistadas
na relva juncada de cadáveres insepultos,
empapada com o sangue dos inocentes
vítimas de todos os bombardeios
em nome da Inteligência humana.
Não detive os cúpidos, assassinos e estupradores,
não fui suficiente para impedir,
tanta crueldade contra vítima inocentes.
Ah! Como eu queria viver mais ainda,
para tentar fazer parte da vida
que até agora apenas contemplei
como espectador educado
aplaudindo no final e rindo...
rindo das anedotas sem graça,
apenas para ter um lugar garantido
entre os canalhas que abomino,
mas não conseguiria vencer
mesmo que outras dez vidas eu tivesse
e somente a isso me dedicasse.
Não seria cínico e hipócrita a prometer
que tudo seria diferente!
Mesmo assim... queria viver mais ainda
28052016
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meu sofrer e meus amores
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