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O primeiro caderno amrelo - XII a XIII

 


XII

Casa Bamba, na sala de estar com Mama Grande arriada na cadeira de plastico branco e a minha cunhada na vermelha. As meninas bagunçando no quarto de Larissa e esta no computador.
- Vocês são muito atentadas - Grita a estressada da minha cunhada.
Cheguei ainda pouco, depois de 'apertar' um 'bondinho' no fundo da oficina - aneurose total. Comprei ferro de mon amie ( temo que aconteça alguma coisa desagradável, mais Dieu c'est très bon). Ontem enchi cara de cachaça e a noite cerveja. As meninas deitadas na cama do casal vendo um desenho animado na SKI. Vomitei na oficina depois de dar umas baforadas no 'baseado", mais sempre preocupado com alguma improvável má noticia. Foi nesse período, há 26 anos atrás que ocorreu um dos piores eventos negativos que já ocorrera comigo. A minha prisão em Alcântara, um divisor de águas na minha conturbada existência . Visitei o meu filho pela manhã. Estou um pouco relaxado na doce paz familiar do que restou da Família Bamba. A matriarca do clã aos 90 anos, de cabelos alvos, a pele enrugada, andando com dificuldade com seu passinho arrastado. Minha Adorável Cunhada no alto de 62 anos, dos quais a metade vivido com a gente - através de nosso irmão mais velho, o professor na época gloriosa no casarão imortal da rua Afonso Pena no Desterro - o meu santuário e meu ninho. A nova geração, uma neta adotiva e as três bisnetas - todas netas de Biné. Os irmãos do Salão conversam na rua.
As meninas vem para sala.
- Pare de gritar, Cara de Bosta - Pragueja minha cunhada para a pequena Adrielle.
Jantei ainda pouco um mexido de bacon, carne seca e linguiça.
- Senta aqui - Ordena zangada para Clarinha.
Mas sinto uma pequena fome. As três sentadas no sofá grande com o ar compenetrado vendo a novela.
- Oh! Cachorro chato - Resmunga Mama Grande depois de um latido do mesmo perto dela.

Professor chegou cedo e ébrio. Minhas neuras, leio "L'adoration" do escritor francês Jacques Borel. Mama Grande deitada e bem enrolada no seu lençol. Professor também, as princesinhas deitadas na cama de Larissa que continua no computador. Bebi umas latas de cervejas, mais sempre preocupado com alguma coisa improvável que o destino possa ocorrer.

XIII

Manhã cedo de domingo - liguei a bomba d'água, minha incansável cunhada na lida de sempre, limpando a sala do computador, onde os gatos cachorros fazem as suas necessidades a noite. Aquela velha angustia de sempre quando vou começar um trabalho novo. Mama Grande e uma tosse seca.
Depois de uma chuva curta que obrigou-me a abrigar-me na barraca de Conterrânea no fundo da nova parada de estrutura metálica tubular em frente ao mercado. Desci na "boca" e descolei dois reais, passei na oficina, apanhei a caderneta de anotações e a trena e dirigir-me para a residencia do Louro, marido da filha de Cabo Azul para remedir o portão e acertar pequenos detalhes sobre o mesmo - na volta encostei novamente no Atelier para apertar o primeiro do dia.
- Porra - grita minha irada cunhada na cozinha onde prepara o almoço dominical com a ajuda da pequena Larissa que corta as verduras da salada. Mama Grande impassível e alheia a realidade sentada a mesa merenda uma banana. As duas irmãzinhas no quarto de Larissa assistindo um desenho animado. Seu Carlos como sempre no computador.

Tarde
Emocionado vendo e ouvindo a grande estrela "brasileira" Carmem Miranda no clássico filme "Copacabana" com Groucho Marx. Nada de Álcool. Minha cunhada conta pela milionésima vez o reencontro que teve com sua irmã mais velha. Quase que sucumbi ao desejo maldito de beber, ainda me desloquei até a mercearia da esposa de Seu Loyola no mercado, mas graças a Deus estava fechado. Uma fomizinha enjoada. Sara prepara para ir com Larissa e o Esposo à reunião no Salão. A musica no quarto do casal. Seu Carlos, o valet de professor ainda no computador. Os dois sobrinhos, filhos do meu irmão Biné assistem uma partida de futebol na televisão do quarto de Larissa.
- O que é Drica, o que tu tá mexendo ai? - Grita minha cunhada sentada na sala. Mama Grande tosse.
A sombra cobre toda a rua, o piano do Salão anunciando o inicio da reunião. Mama Grande alhures sentada no terraço. As danadinhas vendo desenho animado na sala. Professor curando a primeira ressaca ressona no quarto. Bebi uma xícara de café e acendo um cigarro. Um brisa suava com cheiro salgado invade o ambiente. Maravilhado com aprosa do mestre russo Tolstoi em "Ana Karenina" - Danilo palita os dentes, jantei ainda pouco. Tia Redonda entra de supetão. Professor levantou-se e saiu ainda pouco. A sobrinha Danielle veio buscar as filhas. Minha cunhada um pouco alta de vinho aguado ouve as suas musicas prediletas sentada na cama na solidão de seu quarto. Arroto a carne de panela que almocei. Mama Grande com seu passinho arrastado, pousou sua mão fina e fria no meu ombro e vai em direção a porta espiar pela rotula o movimento. A cadela Chorrinha sentada observando Danilo de frente. As crianças do Salão correm em algazarra no meio da rua depois da reunião, enquanto os pais formam as panelinhas na porta do templo para falarem amenidades. Mama Grande puxa a cadeira e em câmara lenta, gemendo baixinho vai sentando-se.

Noite

- Antenor, tu não quer um pedaço de torta? - Pergunta toda solicita a pequena Larissa lavando os pratos e panelas na pia.
Antenor sentado e concentrado na mesa resmunga que sim com a boca cheia. Mama Grande desanimada vai para o nosso humilde quarto. Fui rapidamente ao atelier fumar um bom "baseado". A velha polemica de todos finais de noite de domingo entre Larissa, minha cunhada e o esposo. Danilo retorna com o capacete do irmão e o coloca sobre a estante ao lado do dele. Tira a camisa e senta-se no sofá para vermos um documentário no National Geographique. Minha cunhada relembra um fato que duvido muito, 'que mamãe a chamou de miserável" quando ela separou-se do meu irmão em mil quinhentos e carne de porco.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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