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2 Oh Deus!

 
Oh Deus!


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No banco do calçadão, perto de alguns engraxates. Fiquei sentado já com o olhar triste, cabisbaixo e com um aperto na alma e no coração. Oh! Eu havia deixado passar a mulher mais linda que havia encontrado. Não! Eu a reencontraria. Levantei-me e fui a alguns metros à frente para tomar um chopp em um bar próximo. Sentei-me em uma mesa no meio do calçadão e fiquei a beberricar meu chopp. Não parava de olhar no meio da multidão, mas era em vão. Mas também não podia desistir. Enquanto o vento de leste começou a me rebentar, então tive que ir embora rapidamente. Subi o calçadão até a av.Higienópolis, depois a desci até chegar em casa com a minha Deusa no pensamento. Ainda a procurava dentre os carros, ônibus, motos, bicicletas, lojas. Estava ficando completamente louco, mas eu precisava dela. Cheguei ao Rob´s e fui dobrando a direita já desatenta e triste por ser um completo idiota e estúpido. Entrei até o Pé na Cova e fiquei até acabar meu dinheiro. Não me restava muito a fazer, acabara de ter perdido a minha Deusa, sim ela era divina. Mas, como ela ficaria com um estúpido como eu? Como? Bazesko você não passa de um monte de bosta! Droga! Droga!...
- Me da mais um conhaque ai
- Vá embora – exclamou Jonas
- vá a merda, manda logo.
- Vá embora, Bazesko, tu já bebeste demais.
- Viro minha mãe seu filho da puta? – Não respondeu – Então resolvi sair daquela droga maldita, estavam recusando bebidas para mim. MALDITOS, FILHOS DA PUTA. NINGUEM RECUSA BEBIDA PARA BAZESKO. FILHOS DA PUTA, VOU FODER O RABO DE VOCEIS. Jonas fez um gesto com as mãos para que o segurança me tirasse e agora estava na rua novamente, sem um tustão e com a mente na minha Deusa. Oh Deus! Ajude-me encontrá-la! Oh! Oh!
- Carlos, o que esta fazendo? – Disse Ingrid, aproximando-se a mim e me pegando pelo braço.
- Saia daqui! – respondi. Então ela perguntou ao segurança o que havia acontecido, ele a disse.
- Oh! Carlos. Porque fazes isso contigo mesmo? – não respondi. – Vamos, te ajudo a ir embora. E foi me puxando lentamente pela rua abaixo, tive que parar algumas vezes para vomitar e retornávamos a caminhada. Ingrid era uma boa pessoa, mas como eu não teve sorte na vida. E agora tentava ser cantora, tinha uma ótima voz, eu gostava de ouvi-la cantar, cantava muito melhor que varias cantoras da televisão. Lembrava muito Maria Rita, no qual era grande fã. Algumas vezes eu tocava violão e ela cantava, ficávamos bebendo e dando risada dos erros, mas no final, sempre acabávamos na cama. Havíamos chegado à frente da minha casa, ela morava a duas abaixo.
- Esta entregue – disse me soltando. Dei umas cambaleadas para cá e acolá, mas mantive-me firme, por mais difícil que parecia ser. Dei dois passos incertos até o portão, onde tentava colocar a chave no cadeado. Deixei cair à chave algumas vezes e em uma dessas caídas, acompanhei-a até ao chão caindo sentado encostando-se ao portão e olhando para a rua. Ingrid ainda estava atrás de mim, com a cabeça baixa, podia sentir a tristeza em seu olhar. Então ela me ergueu novamente e laçou meu braço sob seus ombros pequenos e delicados. Abriu o portão e depois a porta da sala. Entramos, não tinha muitos moveis na sala, nem na casa inteira. Havia algumas almofadas na sala com garrafas no canto. Alguns livros na estante, televisão 14” e nada mais. Levou-me ao meu quarto onde ela me despiu e colocou-me deitado na cama, mas isso foi uma péssima idéia, o teto, as luzes, ela, a janela tudo começou a girar e vomitei ali mesmo, apenas virando a cabeça.
- OHH DROGA! Carlos! – disse alto Ingrid e saiu para a cozinha para pegar um pano para limpar. Eu gostei de sentir ela se preocupando comigo, mas ainda estava pensando na minha Deusa! Oh minha Deusa! Então Ingrid retornou e resolveu ergue-me novamente e levou-me ao banheiro.
- PUTA QUE PARIU! TA LOCA? – gritei quando ela enfiou-me para debaixo da ducha fria.
- FICA AI! – respondeu a altura e empurrando-me para debaixo da ducha. Eu era mais forte, mas não conseguia sair, quase cai algumas vezes e agarrei-me em seus braços para evitar a queda, ela segurou-se, cambaleou e não me deixando cair. Depois me deixou sentado embaixo da ducha e saiu. Aquela água era sagrada para um bêbado, havia me curado depois de um tempo e estava me sentindo melhor. Fui tentando me levantar segurando nas paredes molhadas e cai novamente. Então escutei os passos de Ingrid vindo e começou a me ajudar a levantar e me passou uma toalha. Enxuguei-me e fui caminhando até a cama, ela me seguiu com os olhares, como uma águia persegue seu alvo e deitei-me a cama.
- Já venho – ela disse e saiu correndo pela porta da frente afora. Deu alguns minutos e retornou com um pouco de café em uma xícara grande branca, com desenhos geométricos amarelos e azuis. – Tome aqui, isso vai te ajudar.
- Não quero isso e não vai me ajudar em nada - retruquei
- BEBA LOGO SEU MANDRIÃO, EU TE TROUXE E AGORA TU VAI BEBER! – disse ficando em pé ao meu lado – resolvi não questioná-la depois dessa. Então beberriquei o café, estava quase sem açúcar, estava horrível. Mas bebi quieto. E olhei o seu sorriso de satisfação enquanto bebia seu café horrível, fortíssimo e se era possível chamar aquilo de café. Então se sentou a beira da cama e começou a me olhar nos meus olhos. Não tinha como evitá-los e ficou sentada olhando-me. Virei de lado e a senti levantando e caminhando pela casa. Depois deitou na cama e guinchou-se em mim e dormimos.

CB

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Carlos Bazesko
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/02/2008 13:29  Atualizado: 29/02/2008 13:29
 Re: 2 Oh Deus!
Olá poeta, lendo seu conto eu vi um momento de realidade diária, que vc descreveu de forma bem urbana numa forma pessoal de se expressar. Diria como Nelson Rodrigues em "A Vida Como Ela É", foi exatamente isso que senti no seu conto. Meus sinceros parabéns. Até mais...bjs

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/03/2008 23:23  Atualizado: 01/03/2008 23:23
 Re: 2 Oh Deus!
Parabéns.
Henrique pedro