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o primeiro caderno amarelo - IV

 


IV

O auto-falante da bicicleta do sorvete se aproxima. Um pouco cansado apesar de não ter trabalhado hoje, mas tive que ir ao bairro da Areinha comprar os ferros para uma porta da cunhada de Joãozinho Mecânico .

Final da tarde

Escrevi um pouco em francês pela manhã, depois que cheguei do deposito e levar o jornal para o meu filho – lógico que fumei um pequeno “Tof-tof – terminei o romance “Opium rouge” – vou guardá-lo na estante ao lado dos outros colegas de escrita. A pequena Larissa me pergunta se gosto de José Alencar. Reluto em responder. Apresento-lhe o meu pequeno tesouro, que são os meus livros dos meus colegas – Dostoievski, Balzac, Daudet. Faulkener, Dickens, Joyce e outros.

Começo reler Joyce em “Retratos do Artista Quando Jovem”, o li pela primeira e única vez em 1986 quando apaixonei-me pela maestria das palavras. Me visto para a minha saída tradicional de todos os começos da noite. Um vento frio varre a minha irrequieta alma. Joyce vai comigo, como um bom companheiro. Minha cunhada banha a travessa Clarinha sempre resmungando:

- O sabonete acabou e ninguém compra. Eu também não vou comprar – desabafa com sua voz imperiosa.

Noite na Sala de visita de III Casa Bamba – Vila Embratel

Mamãe não quer mais comer. Esta definhando. Ele não esta muito boa.

Passo pela praça, a rapaziada bebia uma garrafa de aguardente no malecon, sentei-me mo meu banco favorito ao lado de K. Suco – depois Seu Riba Fodinha veio sentar-se para conversar um pouco até a chegada de Oswaldo Traíra, o moto-taxista aposentado. Convidou-me para ajudá-lo a guardar a sua moto e fumar “unzinho” na residência dele.

Nenhuma boa novidade, não conseguir abrir o meu e:mil. Minha cunhada bebe um café. Maman muda de roupa e veste o seu chambre. Professor dorme – ele acorda cedo, quase as quatro horas da manhã, para fazer a sua caminhada de uma hora na Praça do Viva. Depois ele vai para o centro trabalhar no seu colégio na Rua Grande, perto da caixa d’agua. hoje não trabalhei, uma semana sem álcool . Pedi a minha sobrinha Larissa abrir o meu e:mail – mas nenhuma boa noticia . O importante é que voltei a escrever os meus diários em português e francês cada um no seu caderno. Os filhos menores dos irmãos do Salão das Testemunhas de Jeová brincam na rua depois da reunião. Minha cunhada tricota com o cigarro na boca, a cadela enrodilhada perto sofé, a outra late do quintal para algum gato. Maman deitada no quarto sombrio onde também durmo – Clarinha deitada na cama de Larissa. Comprei o ferro, trouxe uma metade e a outra vou buscar a qualquer dia. Os dedos da mão esquerda desinflamaram . Aleluia

trecho do livro "Enquanto Escrevo" do Clube de Autores(www.clubedeautores.com.br)

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/06/2016 04:32  Atualizado: 01/06/2016 04:32
 Re: o primeiro caderno amarelo - IV
Admiro que escreva em francês. Gosto da sonoridade e gostava de aprender.

Abraço