Num jardim abandonado
plantei dores, nasceu fado
entre espinhos e abrolhos;
tu partiste, meu amor
reguei teu corpo, na dor
com a água dos meus olhos!
Não consigo adormecer
como é que posso esquecer
que a ti me dei por inteiro;
mas não me quero lembrar
que à noite canto a chorar
sinto falta do teu cheiro!
Terás dor no teu olhar
quando me vires passar
pisando o teu coração;
que até as pedras da rua
sabem que a culpa é só tua
p'lo fim da nossa paixão!
E quando a morte chegar
talvez te possas lembrar
dos meus olhos sem destino;
já não terás os meus braços
e no vazio dos meus passos
seguirei outro caminho!
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro