Nos últimos dias tenho me surpreendido comigo, ressurgiu em minha uma vontade de seguir em frente, de levantar a cabeça, de dar um passo de cada vez, chegar onde nunca imaginei antes. Só desejo que essa vontade seja permanente. Uma vontade tão grande de crescer, de transformar meu ser, de me tornar diferente em um mundo com tanta gente, de deixar de ser figurante da minha própria vida, de plantar jardins bonitos dentro de mim, de cultivar minha alma para que assim ela possa florescer. De deixar todas as minhas memórias se libertarem do meu grande relicário para que assim possam logo ser esquecida, de deixar as palavras fluírem, se libertando de dentro de mim e seguindo seu curso. De todas as minhas perdas, são os rastros de saudade que sufocam, que se arrastam do fundo até a borda, que arranham as minhas paredes, mas ultimamente eu decidi que iria pinta-las novamente, colorir tudo por dentro, encher de felicidade e vivacidade por todos os lados, porque isso tudo depende da forma como eu enxergo a vida, e hoje eu vejo ela tão bonita, que tristeza nenhuma será capaz de me apagar. Hoje abri meu baú de pensamentos, libertei todos os meus pássaros, para que eles voassem livremente, se aventurado pelo meu interior, voando livremente pelas masmorras do esquecimento, pelo meu rio de memórias, pelas minhas breves histórias e com o passar das horas meu coração batia livremente, sem ser sufocado, pulsando livremente. Nesse caminho por onde esse novo sopro vital passou purificando minhas veias, limpando cada sombra de passado, cada nó bem amarrado, diminuindo as distâncias dentro de mim. Olhei para o céu grandioso e pensei, que lindo era o que eu enxergava, mas tudo o que dentro de mim criei era tão fantástico que me permitia ver o mundo lá fora de forma diferente. De toda saudade e distância os quilômetros se transformaram em milímetros, e naquele momento me senti infinito junto a um universo tão bonito que vivia aqui fora. Entendi que meus ganhos não podem ser mensurados, que minhas perdas me tornaram mais forte, e que os tantos papeis de recados, que me lembravam do passado a tanto em minha bolsa amassados, haviam de logo ir embora. Que todos os meus abraços seriam para selar relações, seriam para unir dois corações, em que em cada uma delas a honestidade vigora. E a cima de tudo que essa paz que agora me domina seja respeitada até por mim mesma, de não deixar nada nem ninguém a perturbar. Que os novos amores sejam claros, coesos, leves, simples e que a cima de tudo me façam caminhar a um lugar onde eu vejo flores por onde passar, me ajudem a aprimorar a habilidade de viver, a habilidade de sonhar, a habilidade de ser, a habilidade de enxergar, a habilidade de amar, que me remetam ao meu lar, me permitindo caminhar com essa paz tão grande e a esperança no olhar.
Tatiane Nunes Freire
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