Não tenho tempo
O tempo sem tempo é seu
Não tenho boca
A boca sedenta e fria é sua
Sou um sangue sem roupas
Que escorre quente no seu corpo nu
Não tenho nem mesmo querer
O querer aflito é seu
Que falar de onde a dor vem
Se vem de onde nem sei
Sou borra de fogo sem lugar
Escorrendo da serra procurando morar
Sou uma força que arrocha o tempo
E a outra que solta a metade da saudade
José Veríssimo