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Por trás das cortinas

 
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Por trás das cortinas
 
Não sou grato
E inconsequente,
Mal-humorado
E pouco sorridente.

Por trás das cortinas, sou um caos,
Um Gêmeos dividido em mil pedaços,
Sorrisos falsos, espalhados ao vento,
Enquanto, por dentro, me afogo em tormentos.

Nos becos escuros da minha mente,
Me encontro com meus vícios, meus venenos,
Alcoolizado, fumando o que resta da paz,
Drogas diárias para calar minha própria voz.

Dois trabalhos que odeio, mas sigo em frente,
No automático, sem alma, sem rumo.
Nos tempos vagos, embriago-me de solidão,
Um copo na mão e o vazio como único companheiro.

Mas diante dos outros, visto a máscara,
Sensato, sorridente, responsável.
Um teatro bem ensaiado, sem falhas,
Ninguém percebe o abismo em que caí.

Sou dois em um, vivendo a mentira,
Um ator que não pode abandonar o palco.
As cortinas fechadas escondem minha dor,
Enquanto a plateia aplaude, sem saber quem sou.

Até que meu dia final chegue,
E a cortina caia sobre meu último ato.
E mesmo que lágrimas reguem meu túmulo,
Minha alma já terá se perdido na escuridão.

E no frio silêncio da eternidade,
Serei apenas uma sombra, esquecida e só,
Condenando-me ao vazio que escolhi,
Abraçando o abismo que sempre me chamou.


Kaique Nascimento


"Por Trás das Cortinas" não é apenas um poema, mas um espelho da minha alma. Cada verso é uma faceta da minha verdade, uma verdade que raramente mostro ao mundo. Escrevi essas linhas para expor a dualidade que me define, a batalha constante entre a imagem que projeto e a realidade que escondo.

Sou Gêmeos, e essa dualidade vive em mim de maneira intensa. As pessoas veem o sorriso, a responsabilidade, a máscara que visto todos os dias, mas o que elas não sabem é o peso que carrego por trás dessa fachada. Sou um ator no palco da vida, encenando um papel que aprendi a desempenhar com perfeição, mas nos bastidores, há dor, vícios e uma solidão que me consome.

O poema revela minha luta contra os demônios internos — o álcool, o cigarro, as drogas — que uso para tentar preencher o vazio, mas que só o tornam mais profundo. Eu odeio os dois trabalhos que sustentam minha vida, mas me mantêm preso a uma rotina que já não faz sentido. Nos meus momentos de solidão, me embriago, não só de álcool, mas também de tristeza e desesperança.

Por mais que todos ao meu redor acreditem na minha encenação, eu sei que estou apenas afundando mais no abismo que criei para mim mesmo. Este poema é minha confissão silenciosa, uma carta de despedida escrita com a tinta da melancolia, onde aceito que, no final, serei condenado por minhas mentiras e escolhas.

Quando meu fim chegar, e as cortinas finalmente caírem, talvez os que ficaram chorem por mim. Mas, enquanto isso, sei que encontrarei uma estranha paz na escuridão que sempre me atraiu, no vazio que sempre foi meu verdadeiro lar. Este sou eu, por trás das cortinas, sem máscaras, sem disfarces, apenas eu, com todos os meus pecados e fraquezas expostos ao mundo.
 
Autor
KaiiqueNascimentto
 
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