Com certeza não sou anjo,
daqueles de asas alvas e camisolão.
Mas, me arranjo,
lavando diariamente a consciência com água e sabão.
Vez em quando vejo um fiapo de alface
preso nos dentes enquanto faço a barba,
mas resolvo tudo na mesa do café
depois de enfileirar guardanapos
e o açucareiro sobre a mesa.
Na saída enquanto ajeito o nó
da gravata listrada de tafetá,
aproveito para espanar o paletó
tirar uma mancha de pó.
Saio para a rua levando minhas fraquezas
ativadas desde o despertar.
Passo o dia normal e cadenciado,
até que no arrebol antes da lua cheia,
aproveito para espantar carrapatos
das asas entrelaçadas sob o paletó de tuide azul.