Gaivotas, do meu sonhar!
As gaivotas cansadas de voar
Pescaram meus sonhos
Uns bonitos, outros tristonhos
E foram a terra descansar!
Grasnaram umas às outras
O que podiam contar!
Umas choraram, outras cantaram...
Mas não foram capazes de parar
As lágrimas que lhe caíam no olhar!
Quis eu sossegá-las
Do que estavam a grasnar!
Não eram contas do seu rosário!
Mas quanto mais eu falava,
Maior era o seu gritar!
Pintei o céu da cor do sol
Para podê-las sossegar! ...
Mas tão feio era o meu sonhar,
Tão triste o meu cantar…
Que se deitaram ao mar,
Já que não podiam voar,
Pois era tão pesado
Que não o podiam suportar!
E assim morreram a chorar!
Coitadas, tomarem para si
A dor que sofrem os outros!
Agora, no areal junto ao mar,
Ouve-se seu ruidoso grasnar!
São elas a cantar
Todo o meu sofrer
Todo o meu amar!