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O grande caderno azul - LXIII e LXIV

 
LXIII

Uma ressaca encabulosa, embriaguei-me rapidamente depois que sai da lan-house,onde digitei mais três folhas do futuro romance "Trópicos de uma Existência",quero fazer uma homenagem ao meu mentor literário, o grande Miller,mas terei que mudar de nome - por enquanto fica. A Agua do cano novo transborda escorrendo pelo asfalto e sarjeta. estou seguindo o conselho de Frankl deu a Miller "Escreva como você fala". Fiquei perdido, o timer do computador da lan não estava funcionando. Depois que digitei,resolvi ver alguns videos no you tube - comecei pelo mestre Louis Armstrong e seu belíssimo Wonderfull, em seguida a cena antológica do filme "Dançando na Chuva" com performance de Gene Kelly. Chaplin,o eterno Carlito vagabundo e suas hilárias situações. A bela e sensual Janis Joplin com sua voz marcante cantando "Mercedes-Benz e "Summertime" e para finalizar o loucão guitarrista,o maior de todos Jimmy Hendrix interpretando o classifico do pop americano "Eh!Joe?" - também vi e ouvi o antológico tango de Carlos Gardel que adoro "Por Una cabeza" e o grande Astor Piazola em "Adeus Noninos" acompanhada por uma orquestra alemã.Uma maravilha, depois Ray Charles - mas antes de todos o divino Mozart abriu o dia com"Eine Klein Nachmusik" .
-Ei, Seu poeta, quanto o Sr. cobra para soldar uma pecinha do freio na minha bicicleta?- Perguntou-me o filhote , neto de Seu Índio da Juçara "Vem No Cheiro".
Agora é hora de trabalhar. Missão cumprida.Todos os ferros cortados. O neto de Seu Indio foi soldar em outra oficina. Um barãozão estaciona a sua potente maquina.uma camionete cabine-dupla NIssan em frente a porta do escritório de seu Biné, meu vizinho do lado.

Uma noite de segunda-feira de março. O alcool na Praça com cantor,Matraca, Clesiane e Jailton - forma duas garrafas de pinga consumidas rapidamente. Depois a velha onda de querer me humilhar,pedindo dinheiro para os conhecidos para comprar uma misera dose. O encontro com Dr. Oswaldo ou Troira solitário com sua 'Ferrari' na calçada da Praça das Sete Palmeiras, bebemos um copo de cachaça enquanto relembrávamos nossos bons tempos no Tribunal de Justiça, quando fomos funcionários,e vim para casa um pouco chapado mas sem amnésia. Larissa como sempre estressada reclamou que Antenor sujou a blusa dela ao passar a mão suja de manga.Preparei o empanado de frango,meu almoço. Depois cair na cama e dormir acordando as cinco horas da tarde. banhei-me e fui comprara o pão na padaria do Sr. Chapéu. Quem estava no caixa era a filha mais velha que mandou a atendente colocar quatro pães por um real. Relendo o magnifico Miller e sua prosa intima compartilhando as suas sensações em "Colosso de Marussia" - Ainda pouco reli a sua biografia que me inspira muito, esse nova-iorquino, nascido e criado no Brooklyn, o pai alemão alfaiate com um atelier na Quinta Avenida. Uma vida extraordinária que soube aproveitar cada momento mesmo sem dinheiro ou luxo viveu feliz e fez da literatura a sua voz para desabafar. Um exemplo único de perseverança que tento seguir aos trancos e barrancos.

LXIV

Terça-feira,11 de março - Fico em duvida e reconsidero o projeto inicial de "Cadernos d'uma Existência" - deveria começar pelo primeiro, escrito em 2012, dentro da sequencia lógica para o leitor acompanhar o meu drama diário, o meu cotidiano,as minhas neuras,as humilhações vividas o meu modo simples de viver - Na verdade com adoção destes cadernos de capa dura a minha escrita se transformou. Decido, vou iniciar pelo primeiro caderno - amarelo - Nem que eu passe o resto da minha vida digitando-os,esse é o meu grande livro, o livro da minha vida. Duas horas de digitação intensiva.dar um tempo , por causa dele não trabalhei ontem, . Uma indisposição.
Começa a chover sobre a vila. as grades para os basculantes estão prontas a espera do dono, que combinamos que vinha busca-las as onze horas de hoje. Vamos esperar. cada sonho mais louco que outro.Decido,vamos começar pelo numero um. Tomei apenas um café simples, espero que minha cunhada tenha comprada o bucho puro. Meu amigo Jailton pareceu, vinha do mercado com suas sacolas de compraras, deu-me quase cinco reais,o que aliviou a minha ansiedade financeira. Ele mora com a mãezinha idosa e um sobrinho no bairro do Alto do São Bendito. Cansado.Lutei com as grades desde as sete e meia. Um sol típico de inverno. céu cinzento. A namorada do factotum chegou e foram namorar no terraço. O álcool de leve na Praça com rapaziada de sempre e a buchada boa e pronto para digitar o caderno inicial.







 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/05/2016 10:43  Atualizado: 11/05/2016 10:43
 Re: O grande caderno azul - LXIII e LXIV
Bela incursão musical.
E seus cadernos ganhando forma.
Muito curiosa sua percepção de como o meio em que se escreve influencia a escrita. Concordo em pleno.

Abraço