Chegaram às máquinas,
Numa sinistra manhã de janeiro.
Lagartas de vasto apetite,
Podridão de resistente variedade!
Aos poucos se foram,
Mágicos jameloeiros,
Sedutoras acácias,
Pássaros para algum destino,
Verde, distante...
O campo de peladas inesquecíveis.
Hoje só ruídos, imprecações,
Da mão de obra em exploração,
Um sacrilégio em formação.
Amanhã não haverá cores,
Nem mistério,
Na sombra cinzenta,
Daquele monstro inerte.
No silencio ruidoso,
Daquele prédio em construção,
Imagino: Se aqui voltar,
Onde encontrarei saudade?
No esgoto aberto no estômago
De minha doce pitangueira?
No alicerce fincado no coração
De meu esconderijo predileto?
No moderno playground,
Sepultura de alguma poça de água suja,
Mar imenso de meus indômitos piratas?
Na fétida lixeira,
Respingando fuligem?
No meu abandonado cemitério,
Onde ficaram corpos queridos,
Latidos amigos,
Miados sentidos,
De alguns companheiros inseparáveis?
Se por acaso, nunca mais voltar aqui,
Não me perguntem o porquê!