Poemas : 

Não prometas poesia

 
Foram vertigens que alimentaram o fogo
Preso às mãos

No cansaço do corpo, na rendição do tempo
O rescaldo dos dias quentes

No esforço de derrubar o castelo que construímos
Dissolvemos lágrimas de pólvora
Incendiamos as ruínas de tudo

São memórias de uma guerra não declarada
Que travamos em silêncio
E em silêncio depusemos o sonho

Não prometas poesia
Não digas que vens

No cansaço do corpo, as mãos repousam
Sobre o vento do amanhã

Sopra-me seco para longe.


Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
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silva.d.c
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/05/2016 10:26  Atualizado: 04/05/2016 10:26
 Re: Não prometas poesia
Sonhos que desabam onde os olhos sentem aqueles construir que não acontece, o peito grita um ador de amor.

lindo poema


Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 04/05/2016 20:04  Atualizado: 04/05/2016 20:04
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: Não prometas poesia
Gostei muito, escrito com sentimento.
Espero o poema assim, de forma que me leva a meditar no que tem de fundo.
Parabens.
Bj.
Branca


Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 27/06/2016 19:10  Atualizado: 27/06/2016 19:10
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: Não prometas poesia
De vertigem e sopro se faz este teu poema.
Vertigem porque “lágrimas de pólvora” são uma imagem notoriamente de sobressalto. Sopro porque há uma certa aragem que, perpassando pelos teus versos, nos mostra uma lucidez que torna o peso mais leve. Daí o “São memórias de uma guerra não declarada/Que travamos em silêncio”, e o sonho que se sabe/sente silenciado, havendo, porém, um olhar que, tentando ultrapassar os obstáculos, se foca no “vento do amanhã”. É neste vento que repousam as mãos, é neste vento que se pretende ir… bem (para) longe de onde se está, para que o castelo se possa, por fim, reconstruir.
Belas imagens criando uma mensagem forte. E uma escolha aprimorada das palavras que as descrevem.
Muito bom!