Vai! D’outono tanja folhas magistrais obstando o fogo do céu,
no decurso do porvir em flamas, mira a relva como n’aquarela;
sem palavras, nem queixas, pise cauteloso qual numa ilha de fel,
enquanto a cada dia a noite passa lenta trazendo sombras nela.
Não deixe que o fogo do seu hálito corrompa coisas tangíveis,
olhe em frente, não toque em nada, mas siga o rio até o mar.
Vá sem a ira e raiva plenas, ali não teça pedidos impossíveis,
ninguém irá impedi-lo... mas não se atreva aqui tentar voltar.
Se souber murmurar só breve oração que não sejam lamentos,
ora se clamar, será em vão, não se atreva... cesse os intentos,
terá água pura... pão e sal não lhe serão compartilhados jamais.
Corra clamando por perdão... não importam palavras afáveis,
debalde esforços espera-o o lugar reservado aos miseráveis;
ao regozijo que sem você, atrevem-se a sorrir nos abissais.