Um poema de Miqué Di L'Atrólloggus
Não vou dizer que não sei. Sei bem,
sei quem fez as cores todas que vejo,
posso dizer agora com mais certeza,
havia mais de cinquenta tons de preto.
na “Tristitiae rerum” de Villaespesa,
também na ultima ceia de Tintoretto.
No final do oitavo mês reviveu a luz
que havia inventado abrindo a janela,
trazendo raios pululantes de carmim
antes da degeneração integral do sol.
.
.
.
...
[Hannibal,
com um
bando
de elefantes cansados,
não estudou balística,
nem sabia rimas,
afinando palavras
na ponta do sabre,
resistindo
a cercos
e emboscadas.
metendo
um
aríete
nos
portões
de Roma.]
...
.
.
.
Temos vivido como poltronas na sala,
com um piano de cauda entre nós,
martelando desafinado “ Le Lac le Come”.
para desespero dos vasos chineses
em repouso nos pixixés pintados à mão.
Nós dois, sós em nosso insosso palácio,
rodeado de margaridas e bocas de leão,
teleguiados pelo som de celulares,
gemidos roucos em sustenidos e bemóis,
vendo com suspeita a proibição da bebida
nos estádios servidas em garrafas de vidro.
.
.
.
[Persuasão
e
estratégia forte,
arrojo desprendido
nas táticas
e
Roma
será
capturada.]
Mas,
nesta tragédia
e funcionamento
perdas passadas
e futuras
sendo realizadas,
como um sonho
de
infância,
me
salvando
o
intervalo.
...
.
.
.
A muito custo aprendi o “ Cair de Lune”
assim como é por todo aluno desejado,
aos olhos da mentora por cima do ombro,
mantendo simultânea a mente ocupada.
Olhando janelas tão vazias quanto o céu,
ainda suspirando, vendo o arco do violino,
pendurado num prego servindo de enfeite.
.
.
.
...
Prefiro
passar
o resto
dos meus dias
em Veneza,
ou
em Genebra,
vendo
a neve
a cada
mês
de
novembro.
.
.
.
...
Mas sei que devo encontrar
prazer perto do mar,
na distância segura das águas rasas,
onde os cadáveres dos afogados vêm boiar,
enfeitados com rosas murchas de Iemanjá.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .