Mãe, por que te levantas sempre tão cedo e antes de mim
se sei que te deitas cansada e adormeces sempre só depois de eu adormecer?
Mãe, por que nunca te vejo chorar, ou queixar de alguma dor ou fadiga, mas apenas a sorrir para mim, tão meiga tão terna e tão disponível
se imagino, e por vezes sei, que também tens medos e problemas?
Mãe, por que queres que me alimente direitinho, vista e calce bem
e nem sempre te alimentas como eu, ou te cuidas como me cuidas?
Mãe, por que te preocupas com os meus trabalhos da escola,
se tens tanto trabalho todos os dias e a todas as horas
sem que me peças ajuda, ou eu, não podendo, te saiba ajudar?
Mãe, sabias que tenho a impressão que nem o teu ar todo respiras?
Será, mãe, que até o teu ar partilhas comigo?!...
Porquê tanto por mim, mãe? Um filho vale assim tanto, tanto?!
Que pergunta patética eu te fiz, mãe. Claro que para ti vale.
Pronto, mãe, perguntei…
E nem precisas de responder nada;
uma heroína nunca levanta uma bandeira grande pelo seu nome!
Toma um beijo, mãe.
Mas este beijo, minha querida, quero-o muito terno, muito doce e enorme;
igual, ou ainda maior, aos que todos os dias me dás.
E é mais do que merecido, garanto-te, mãe!
João Luís Dias