Os meus olhos são assim
dois lamentos sem ter fim
qu'inda esperam por alguém;
neles vive e ainda mora
mora alguém que já não chora
já não chora por ninguém!
Já não chora, já não espera
já não espera e desespera ...
Por quem bates coração?! ...
Que meus olhos estão cansados
de se verem lado a lado
cheios de noite e solidão!
Nos meus olhos caem mágoas
como o pó por sobre as águas
como a chuva nos silvados;
não me lembro se algum dia
como as dores que eu não via
fomos mais que apaixonados!
Condenados, que loucura,
são dois campos de amargura
dois pedintes sem abrigo;
os meus olhos são assim
dois lamentos sem ter fim
à mercê deste castigo!
Ricardo Maria Louro
Ricardo Maria Louro