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Margô_T | Publicado: 25/07/2016 07:22 Atualizado: 25/07/2016 07:22 |
Da casa!
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Re: A deusa repousa.
Após as “dobras,/dos desejos/conclusos”, “a deusa… repousa”.
Gosto particularmente da expressão “dobras/dos desejos” já que não só lembra o dobrar dos corpos em “ritual”, como a multiplicidade de formas com que o desejo se pode repercutir sobre nós - assim como uma dobra em papel tem um montão de hipóteses para se fazer vinco – ou porque, à semelhança de uma dobra, também o desejo se faz, desfaz e refaz. Depois do som, “dos gritos”, “da água viva/na pele”, o(s) corpo(s) ficam exaustos. Em nu-vens veio a deusa, e em nuvens ficou quando, “além do viço”, acontece o “silêncio copioso” e é chegada a hora do repouso. “luminância” é uma palavra que sobressai deste teu poema – não só porque se associa à imagem da deusa, como à imagem do próprio desejo - que reluzindo, crepitando e faiscando, se delineia ao nosso olhar. Um poema de versos curtos que o tornam leve e fluido. Se me for permitida uma nota, e se tirasses os três pontos de exclamação finais? Aumentam, a meu ver, a intensidade do último verso, quando, no fundo, tu o pretendes esbater, como que fechando as cortinas do poema enquanto deixas a deusa repousar. Gostei. |