LIII
Mais um dia em nossas sofridas vidas.estamos passando por uma provação que só nós mesmos sabemos. Para mim nada dar certo, ainda não entregaram os ferros.É a treva pairando sobre a Casa Bamba. Os mesmos males de sempre.
Na oficina
Como sempre se sucedia, esperava pacientemente algum cliente que pudesse dar-lhe alguma esperança, mas infelizmente as coisas não funcionavam como desejava.Parecia que todo o universo conspirava contra ele, pois tudo que fazia,nada dava certo. Aos poucos alquebrado começou a definhar.Imaginava mil soluções, chegava até vivenciar algumas delas, uma situação hipotética que aliviasse um pouco a sua desalentada existência.
Mulheres, mulheres, mulheres - com diria o sacana do Miller no Pais das Xoxotas ou "no Bonde Ovariano" esse cara merece está no panteão dos grandes mestres da literatura - O estilo dele é único,por isso o respeito e venero e confesso que até o invejo - assim como de Kerouac -o cara tem um a fluidez de palavras que parece um rio bem caudalosos.
- Oh! Meu grande! - Cumprimenta-me Miguel,o ex-discípulo de Calybon, o pedreiro.
O irreverente Seu Drácula na sua carroça, declama os verso de minha autoria:
"Nasci no Desterro
criei-me no Desterro
e com certeza vou morrer no Desterro
Sou um desterrense e não um desterrado"
Alacir filho de seu Bastos contou-me o seu problema psicológico que o,levou ao consultório de um psiquiatra e ao chegar na sala de espera, era como tivesse num circo de horrores, vários pacientes com seus sintomas psicológicos pior do que o dele. Raimundinho,meu amado filho sempre vem em busca de meu auxilio para encontrar alguém para carregar um tonel de agua. Combinamos nos encontrarmos as onze e meia e fazer uma incursão ao bairro do Piancó. Acho que esqueceram de mim, o que me deixa em maus lençóis com os meus desconfiados clientes.Uma sonolência dos diabos enquanto lia Dickens. santo Deus. Por quê tudo isso contra mim. - Um garçom zarolho e careca é hilário, bem atípico - O céu se fecha em grossas nuvens plúmbeas e escondendo o sol. O pedreiro Tonto ameaça-me brincando de dar-me umas chicotadas se por acaso encontra-me deitado e dormindo no sofá velho da praça, onde viu-me certa vez de madrugada debaixo de chuva. Vacilando como sempre. E pior que ele esta certo. Que diabo é isso? Para com esse álcool abusivo - já cai,arranhei o nariz, o beiço e a testa no asfalto, mas parece que não foi nada.Dormi na praça e não me manco que o álcool esta me dominando. Poxa poeta, tem razão Dona Van me Expulsar de sua vida, aprontei muito - coisas absurdas que a envergonhava de mais. Chegava em casa e eu dormindo nu estirado no chão da sala. Agora pago os meus pecados que cometi contra essa santa mulher - vou para de lamentar, adianta - nada vai traze-la de volta. Perdi, perdi - assim como vou perder os meus dentes e a minha vida. Tenho até o local ideal para me suicidar, a priori pensava em fazer aqui no fundo da oficina com aporta fechada, depois pensei nos prós e nos contra e conclui que não por vários motivos. Abandonei a ideia e busquei um local ideal. Aqui eles ( o pessoal do IML) arrombaria a porta e o fluxo de curiosos num entra e sai, deixando a porta aberta.. Não melhor local que a Praça do Bacurizeiro, num horário de pouco movimento.Um disparo na têmpora.Pronto, acabaria o meu sofrimento.Mas onde arranjar um revolver bem calibrado para não falhar no ato eme deixar na vergonha.Um bom suicida não pode falhar.
"Senhores não busquem saber qual foram os motivos que me levaram a praticar esse sagrado ato de encerrar a minha triste vida".
Tarde
17:45 - Nada de novo, a velha monotonia de sempre, se não fosse Kerouac me levando pelas estradas americanas para a louca São Francisco ou Dickens pelos arredores de Londres,ou Miller,o sagrado e sacana Miller pelas ilhas gregas ao lado de seus amigos e lógico Dostoiévski em Roulettenboug em algum lugar da Alemanha,fascinado pelas roletas. A compra do pão, a filha mais velha no caixa, senhor Chapéu matando as moscas com uma toalha de mesa. Uma loura de mal humor na parada de ônibus em frente ao deposito Abreu.
Noite
Aleluia!Aleluia! - Finalmente digitei o epilogo de 'Além das nevoas Azuis". E a outra boa noticia,falei com a minha amiga portuguesa, fazia um bocado de tempo que não conversávamos pelo Facebook.Encontrei casualmente com Seu Raposo e família no portão do Mercado que dá acesso a Praça do Bacurizeiro, falou-me que estar com saudade porque faz uns dias que não apareço no seu comercio. Passei no bar de Dona Francisca e comuniquei-lhe que sua grade esta pronta e vou entregar-lhe no sábado. Dr.Oswaldo e sua bonita moto nova estava sentado no banco dos moto-taxistas.Encontrei com meu amigo Junior, neto de Seu Eriberto e futuro psicólogo no ultimo lance da escadaria próximo ao seu apartamento entreguei-lhe "O abusado" de Barcelos e o clássico "Crime e Castigo" e emprestou-me "50 Grandes Mestres da Psicologia" de Tom Buttler-Bowdon