... Acalentados por pesadelos e monstros,
pensamentos sombrios anseiam por milagres...”
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- Absurdo não acreditar no mal -
A areia da ampulheta encobre os minutos,
não acalma o medo que grassa,
até que o relógio anuncie soturno,
a meia noite na catedral
convidando a receber o sono.
Acalentados por pesadelos e monstros,
pensamentos sombrios anseiam por milagres.
Talvez venha durante a chuva
removendo o limo das pedras,
antes de ver a vida num galope,
equilibrando na sela de um cavalo branco.
Vendo fugir aqueles que não viveram,
quando o anjo caiu e dobrou as asas,
guardou-as num terreno baldio
passando a fazer tricô com as matronas,
tentando espantar as dúvidas
de todos esses anos
que abalaram a fé nas pessoas de bem.
Restam mudos, abrigados nos campanários,
os pássaros que não acalmam o medo,
em volta da torre da catedral.
Só depois da fuga das estrelas
as cambaxirras caíram no vazio,
abandonando a abóboda celeste
neste entardecer tão triste.
E a hora silenciosa soa
como toque de um funeral,
aguardado no meio da meia noite
a chegada do convidado profético
trazendo a palavra derradeira.
Absurdo não acreditar no mal
quando soa a meia noite
na solidão insólita
trazendo o prenúncio da morte.
19042016
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."