Há tanto tempo o céu deixou de ser
azul simples
quando eu o penso
Teu
ao tempo que
as águas transbordaram
e sob a pele das nuvens
correu um rio de sangue
ao limbo do madrugar das asas
ou do anoitecer dos dias,
não sei bem
há quanto tempo
a cor da fonte inversa
do magenta
beijou a cor de ciano
dos meus lábios
pincéis sem o saber
irisando a foz das lágrimas
em mistérios de pastel
e formas lentas
de aguarela
ao tempo
que isso aconteceu
e o sol se entregou
diluindo ouro e fogo frio,
e o mar por dentro
pressentiu
a flor das tuas asas
ascendendo
há quanto tempo, meu amor,
mudei a cor de seda da saudade -
de azul, para matizes de aura mística,
miscível anil de alma impura,
por celeste filtro dispersada
em tons de infância
e algodão-doce
ao tempo que eu teço os teus vestidos
dessas cores tão delicadas!
e é sempre assim que eu penso o Céu
fascinada
(porque sei que ele te guarda)
e te protejo a eternidade
nesse espanto!
ao tempo que as nuvens com que brincas
se iluminam dos meus olhos de mãe doce
ao arrebol
quase noite
minha vida
quase filha
a adormecer.
Teresa Teixeira