Um poema de Miqué Di L'Atrólloggus
Fique atento às nuvens, ouça pássaros,
se nada há de novo para o momento,
num piscar de olhos, passo a passo,
para espanto, num único momento
a alegria pode vir numa voz simples.
Então deve deixar de se atormentar,
e decidir sobre “ ser ou não ser”
pois as pessoas jamais poderão viver
para sempre só em dias ensolarados.
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Já
haviam
me dito
que há
sempre
janela
com vista
para o lago
indefinido
estagnação
infame,
vala de ilusões.
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Não que quisesse sempre mar de rosas,
assim com as asas do anjo da guarda.
Não minto, pois nem tudo segue os padrões,
caminhando por círculos evasivos,
ascendendo pelas escadas dos porões.
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[Sequer
uma chama
no firmamento
como tela
luar pintado
com tinta invisível
adicionado
em jogo de luz e sombra
do cogumelo
de Hiroshima]
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Verdadeiros pesos nos ombros trôpegos,
pesadelos cruel dos bêbados náufragos,
meu anjo saiu pela tubulações de escape
exarando um jato real de atribulações
numa esteira plena de purpurina fedida.