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o grande caderno azul - XLIV

 


XLIV

Uma manhã radiante de segunda-feira, no décimo sete dia de fevereiro, com um belo sol ,o céu azulíssimo depois de três dias de chuvas consecutivas Como sempre as paradas lotadas de passageiros ansiosos com a demora dos ônibus, as mães levando os filhos para a escola. Um friozinho típico de pequena intensidade.O coletivo lotado. Mulheres cheirosas a caminho do trabalho, estudantes empedernidos com os livros e cadernos debaixo das axilas. Um dorme sujo descalço e nu da cintura pra cima. Encontrei com Seu Nezinho -lembrando-me dos meus vacilos quando era funcionário publico estadual do Poder Judiciário lotado nu Juizado Civil do João Paulo, enchia a cabeça com um bom 'baseado'. era uma loucura, um vacilo atrás do outro. esquecia os processos, lerdão de diamba que nem um pato tonto. Hoje vejo- como eu era um manezão e pensava que estava abafando. Santa ignorância. Um dia desses estava relendo os meus diários de 1985 a 89, vivia completamente dominado pelo maldito vicio, vendendo as poucas coisa que tinha, enganando o meu velho Pai Bamba,uma vida marginal sem controle, andando desesperado pelas ruas a procura 'dela' humilhando-me - tudo pela droga, ela que norteava a minha vida - Alias eu não vivia, era um marionete manipulado pelo desejo constante de viver chilado.Trabalhava com Papai na oficina no fundo do quintal, somente pensando em ganhar dinheiro o suficiente para comprar o necessário para aliviar a minha fissura. Fico a me perguntar, como um ser humano deixa-se um vicio domina-lo até perder o controle de si mesmo, renegando os valores. Mestre foram quase trinta anos de subserviência ao vicio diário, o que dava animo era um pouco de literatura, apesar de toda a loucura, os livros e os diários nunca me abandonaram pelo contrario estimulavam-me a sonhar. O suco de tamarindo afetou os intestinos e defequei ralo.
09:20 - Em casa, comprei pão para as meninas. Sr, Fu e suas barbeiragens nas estrada perigosas do Tibete, acabou provocando um acidente.

Começo da tarde
13:10 - Uma garrafa de cachaça foi degustada tranquilamente na praça, sem muito alarde, apenas eu, Negrita Puro, Seu Jailson Pé-de-Pato esporadicamente limpava os box do mercado, o pixixitinho agricultor da horta do lado do mercado. Negrita Puro armou a sua cama improvisada de papelão sobre o sofá velho,onde outrora eu dormira e cochilou com fome. Uma das mães veio buscar uma das meninas.

Noite
19:50 - Arrotando a língua que almocei bastante. Seu Pietro mudando a roupa na sala do computador. Ainda na lembrança triste de Negrita arrumando cuidadosamente o papelão no sofá, improvisando a sua cama para um cochilo e deitou-se sem cerimônia. È um sem-teto, abandonado pela família - uma vida que me serve com exemplo que pode ocorrer comigo. Nunca se sabe o dia de amanhã. Encerrei a minha viagem pela China com Theroux com a visita ao Tibet, sua capital Lhasa e o monumental Palácio de Potala, residência do Dalai Lama. Conheci os seus costumes (os tibetanos não banham) e adoram carne de Iaque que aproveitam tudo, fazem manteiga, sebo e etc. Como gostaria de conhece-la pessoalmente, assim como a viagem a Grécia que meu amigo Henry Miller fez em "Colosso de Marussia" -as ilhas milenares de Nauplias, Lesbos (da poetisa Safo), Corfu, Delfos e outras beleza históricas arquitetônicas, assim como a sagrada Petersburgo de Rakolnikov, avenida Siénnaiá, o rio Niéva,o magnifico Hermitage e lógico o apartamento e escritório do grande mestre Dostoiévski. Sonhos quem sabe um dia, o vento não muda de rumo. Obrigado Senhor por mais um dia!

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/04/2016 08:58  Atualizado: 14/04/2016 08:58
 Re: o grande caderno azul - XLIV
Obrigado Raimundo por mais um capítulo. Já estive na Grécia, mas não visitei as ilhas, apenas Atenas e Tessalónica. Gostei particularmente da viagem de comboio entre as duas cidades, pois pude ver o Olimpo.

Abraço