Poemas : 

Entranhas.

 
Tags:  Entranhas.  
 
a pedra não se move,
aguarda que a sombra
mude de lado,
pacientemente...

no passar das horas,
sem verbo, nem encontro,
nas entranhas da sombra,
vive um tempo de aprendizado...





 
Autor
cavenatti
Autor
 
Texto
Data
Leituras
764
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
4
3
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/04/2016 04:17  Atualizado: 11/04/2016 04:17
 Re: Entranhas...
As vezes as pedras rolam... Por tanto fazem caminhos sim.
Parece que não mas elas tem vida e movimento.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/04/2016 15:23  Atualizado: 11/04/2016 15:23
 Re: Entranhas...
Gostei do que li por aqui.

Um abraço,

Anggela

Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 16/08/2016 10:16  Atualizado: 16/08/2016 10:17
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: Entranhas...
“a pedra” faz caminhos, não os move.
Nós é que nos movemos quando andamos pedra sobre pedra, seguindo os trilhos por elas delineados.
As pedras são silenciosas… têm algo de contido e oculto, lembrando-nos uma “confissão”.
Porém, as pedras também não movem confissões, sendo-lhes indiferentemente indiferentes.
As pedras encontram-se quietas - e silentes - apenas aguardando “que a sombra/mude o lado,/pacientemente…”; porque o tempo das pedras é um tempo sem tempo, e “pacientemente” aguardarão, não só que a “sombra/mude o lado”, como também que o sol lhes bata menos forte, que a chuva abrande ou mude de direcção, que esse pé cansado lhes saia de cima, que a bola que nelas caiu seja desviada, que as aves venham buscar as migalhas que sobre elas se dispersaram,…
Em compensação, o sujeito poético sente as horas com a sua força brutal e fatal (“sinto o gadanho/das horas”) e sabe que nelas não haverá sempre movimento, acção, plenitude ou encontro.
Contudo, à semelhança da pedra, o sujeito poético “sem verbo, nem encontro” resolve acolher o movimento da sombra e, como nada pode fazer para lhe mudar o movimento, contempla este “nada/eternizado” que vai mudando de lugar conforme as horas do dia…
e ele, quieto e em silêncio, de pé, assemelha-se a um relógio de sol, vendo passar as sombras como as pedras… pressentindo nesta contemplação a repetição, os ciclos (como um “nada/eternizado”) e esse tempo que passa devagar pelas pedras e tão tão rápido por ele.