RESSACA
O pão amanhecido sobre a mesa,
Tão solitariamente, a se comer...
O café requentado e outra colher
Só de melancolia já não pesa.
A boca balbucia alguma reza
E ralha maldições sem se mover.
Pouco importa se bem ou mal me quer:
Seca, a flor não se mostra tão surpresa.
A chuva cai lá fora. A vida passa.
Não. Nada falta, mas também não basta,
Pois há muito vazias a alma e a taça.
A manhã vem, dir-se-ia, tão nefasta
Que traz o pressentir d'uma desgraça.
No desalento da hora que se arrasta.
Betim - 20 01 2013
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.