Prosas Poéticas : 

Adágio matinal

 
 
Além dos meus silêncios reside

um tempo habitando as noites

onde calço cada lágrima se espezinhando

solitária pelas calçadas da vida

pavimentando os pensamentos

algemados no hospício

dos meus poros em velamento


- Deixei de seguir a existência

das coisas banais…absoletas

Resgatei somente e elasticidade

de um beijo encostado ao recife

dos teus afagos

Prontifiquei-me a morrer

coreografando os desejos ensaiando

o derradeiro abraço deixado

no púlpito dos teus braços


- Conto parir um poema

na afeição breve de um lamento

agregado aos delírios fumegantes

de um ópio em teu ser todo

irradiando de rebuliço

ofegante


- Deixa-te inundar pelos silêncios

suaves

num espasmo quase aconchegante

Conjectura comigo toda a

conivência deixada no prefácio

dos meus prantos


- Completa a moldura onde deixamos

o retrato feliz das nossas almas forrando

cada prece no lambrim

dos instintos itinerantes

Retrata meu tédio saltitando

de insanidade

sugando teus gracejos

desejando-te num cataclismo

quase expectante


- Mostra-te no museu dos meus

sonhos

onde fantasias este anoitecer

conformado

trombetando ao mundo

este amor empolgante

que espera….espera

de tanto te apetecer… alucinante desespera

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
Data
Leituras
689
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
11 pontos
1
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/04/2016 01:48  Atualizado: 07/04/2016 01:48
 Re: Adágio matinal
Tem silêncios que pelo que diz, cura dores inimagináveis.

Gostei de ler teu poema.