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O grande caderno azul - XXXV

 


XXXV

Manhã de sabado do oitavo dia do segundo mês do anno dominni de 2014 - A espera do café, já preparei o sanduba de queijo. Pronto para ser execrado pela dona do portão. Seu Pietro com previsto dorme no sofá, depois de um bom café com leite e computador.. Mas tarde o almoço e assim vai, tem uma mãe 'generosa'. E depois disse que veio de São Paulo por que estava com saudade, mas com uma mordomia dessa quem não tem saudade, agora a situação é outra. O congelador sempre vazio. uma luta para conseguir o rango.estamos por conta própria, não tem mais a pensão e aposentadoria de Mama Grande que nos ajudou durante anos sustentando a casa. O café esta pronto,minha cunhada coloca garrafa térmica na mesa, Seu Pietro se espreguiça tranquilamente.
- Café, Raimundo - alerta minha cunhada.
Ataulfo Alves canta o antológico samba canção"Amélia" de Maria Lagos

L'atelier de la vie
Pronto para o trabalho. Esperando a Dona do portão que com certeza vai ficar uma fera.Pela primeira vez a culpa não foi minha. Vamonos la lucha hermanos! Assim dizia Pancho Vilas aos seus barbudos companheiros.
11:08 - Dinheiro no bolso e espero Marcelinho, o carroceiro filho de Marujo d também carroceiro maneta leva-las ao seu legitimo proprietário no final da rua 23. O meu amigo Jean veio visitar-me e conversamos assuntos interessantes sobre tudo. Apareceu uma gambiarra de trinta reais, adaptar uns ferrolhos na horizontal de um portão..Chuvisca. Mozaniel Puro, meu vizinho da rua 23, um factotum, um operário de mão cheia trouxe um copo com café. A barriga se contorce de fome, lá em casa a situação esta brabíssima. Vamos ao mundo Milleriano,primeiro uma passada pela Londres de Dickens e seus divertidos personagens, somente ele para fazer-me ri de suas criações hilárias.

Tarde
13:20 - Cansado - A dona do portão não apareceu, graças a Deus. Marujinho também não e vim embora.Paguei Seu Raposo, dei quarenta reais para minha cunhada que imediato mandou comprar uma galeto par seu 'filho'-havia um resto de mexido. - Faz 50 anos da visita dos the Beatles em Nova York. Comprei três latas de cervejas e três linguiças que irei almoçar daqui a pouco com uma boa salada de pepino e ervilhas.
13:45 - Abro a terceira lata que estava no congelador, apenas meu litro d'agua fazia-lhe companhia. Ainda estou lembrando o capitulo que li das "Aventuras de Sr.Picwick" da reunião da Igreja do pastor da esposa do Sr. Weller Senior abordando o tema de abstêmia alcoólica,quando o mesmo,o Sr. Stungs com o nariz vermelho e bêbado como um gambá e dar um sopapo em um de seus acolito, acusando-o de esta embriagado e o mesmo rola escada a baixo e então começa a confusão e o Sr. Weller Senior aproveita para um desforra como o pastor. Viva Dickens.
14:30 - Lendo o serio Dostoiévski e o atormentado Raskolnikov esfarrapado andando pelas tavernas de Petersburgo. Chove Forte.
17:50 - vendo a SKY.

Noite
18:15 - Hoje não sairei, vesti a minha farda de sempre que improviso de pijama. Dormi uma boa parte da tarde. Estamos somente nós três : minha cunhada no quarto dela ouvindo os seus CDs de lambada;Larissinha no computador e eu aqui na pequena sala de visita, no meio dela com a cadeira de plástico prostrada em frente a televisão assistindo um documentário na tv Brasil. Antes de cochilar lia "Crime e castigo", os últimos passos de Raskolnikov entregar-se e cumprir o seu castigo na longínqua Sibéria junto com sua fiel companheira Sonia.
Lugar que ele Dostoiévski conheceu bem e o descreveu magnificante em "Recordações da Casa dos Mortos"
21:50 - O odor forte da merda de um gato,o meu olfato já se acostumou-se. A companheira de Daniel veio dormir aqui,'o filho' de minha adorável cunhada saiu bem perfumado depois do jantar.
22:45 - Todas as noites meu corpo fica cheio de dores,uma coisa esquisita.É nas juntas e nas costas. Calafrio. Vou deitar-me.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
LuizMorais
Publicado: 04/04/2016 20:36  Atualizado: 04/04/2016 20:36
Usuário desde: 29/01/2012
Localidade: Piracicaba - SP
Mensagens: 2090
 Re: O grande caderno azul - XXXV - p/ Raimundo
Gostei do relato amigo Raimundo. Uma leitura agradável e cativante. Um abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/04/2016 22:31  Atualizado: 04/04/2016 22:31
 Re: O grande caderno azul - XXXV
Nem sei o que dizer das dores ao deitar, creio que o peso da idade que avança pelo menos quanto a mim.

Sua cunhada é uma personagem constante de grande poder no cenário azul do seu caderno, acredita que já tenho uma certa afeição por ela?

Pois é acompanhar os dias que passam em seus cenários burlescos, me passa uma sensação de normalidades, mesmo acompanhadas das agruras da vida.

Boa noite Raimundo, fui ver seu espaço de autor e fiz meu primeiro comentário.