O veneno das palavras
gota a gota.
Fumo o fumo que um dia já foi teu.
Princesa do desalento
A vida era um fio de água
como arabescos de mágoa
cortando a calma das horas.
Tinhas sonhos
e uma estrela apagada
pela luz da realidade.
És Irmã Sorôr Saudade
Doce, triste, abandonada
por caminhos que não viste
perdida na estrada errada.
Versos calados
que ardem na indiferença
Labaredas de uma alma inanimada,
que viu reflectida sua doença.
Nunca tiveste esperança - não a vias
Ninguem calou a dor que não podias
ninguem te disse que o fim era nada.
O coração de uma mulher é um oceano
profundo, de mistérios e segredos
um grito, um acorde no piano
A dança. o exorcismo dos medos.
<br />Há algo que não posso recordar
nas mais belas palavras que escreveste.
Os teus versos amargos sepultados
são todos os olhares dilacerados
e foi só para os sentir que nasceste.
Também falo sozinha - outras histórias
Atravesso a muralha da saudade
que me atira para alem da eternidade
com o veneno antigo das memórias.
Tinhas nome de flor e eu de rainha
Já percorremos um jardim iguel
Tão bela lusitana, mas sozinha
lançando o olhar ao céu de Portugal.
Amargas noites - lágrimas da Lua
que a alma derramava sem se ver.
Chamando,implorando o impossível
que nunca deixaria de o ser.
Chora criança louca e crente
e a tua loucura é imortal
apática, vazia, decadente
vida em que o tudo ao nada é igual.
O meu sonho mais belo é um momento
que a mão do tempo não quer apagar.
Invento-me naquilo que não sou
Sem rumo, já não sei para onde vou.
Em mim tenho mil vidas paralelas
O pensamento alcançou as estrelas
como se todas fossemos irmãs.
Com elmos de ouro, o cetim das manhãs.
Tenho o destino traçado no céu
Doce loucura ir contra a humanidade
Olhar-me no espelho da verdade
E assumir feliz - assim sou eu.
Inês S.