Prosas Poéticas : 

Santuário dos silêncios

 
 
Regenera-se cada noite que despes

no santuário dos meus silêncios

injectando-me nas veias os sonhos

alastrando pela imortalidade do tempo

num eco em uníssono

descrevendo a brandura dos teus beijos

onde lacro minha vida

brotando a cada Outono


Choveu no quintal das minhas

impaciências

molhando o véu tímido da vida onde

escancaro um verso fabricado

com tua anuência

clareando a torrente de luz

onde desabrocha toda a lavoura

semeada no santuário dos meus silêncios


Sôfrego sacio-me na voragem do tempo

descalçando cada pedra encaixada na

esquina dos ventos

onde à varanda te espero cobrindo-te

com o edredom dos meus afagos


Deixarei ali sitiada as condolências

enterradas neste poema cruel

tamborilando na lápide da vida

que regurgita encharcada de benevolência


Aprontarei os caminhos traçados

nos labirintos da noite que feneçe

desalmada

expelindo todas as palavras unidas

na trincheira poética onde

adocico cada silêncio travesso

numa sintonia de gargalhadas

deliciosamente consumadas


Encerrei este poema quando morri

na hipotermia dos dias frios

mirando toda a existência esperando

pela luz repatriada na elasticidade

do tempo fatal

onde ratificamos este tratado

de amor madrugando em cada

lei ou decreto esculpido em nós

assim tão brutal

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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