Regenera-se cada noite que despes
no santuário dos meus silêncios
injectando-me nas veias os sonhos
alastrando pela imortalidade do tempo
num eco em uníssono
descrevendo a brandura dos teus beijos
onde lacro minha vida
brotando a cada Outono
Choveu no quintal das minhas
impaciências
molhando o véu tímido da vida onde
escancaro um verso fabricado
com tua anuência
clareando a torrente de luz
onde desabrocha toda a lavoura
semeada no santuário dos meus silêncios
Sôfrego sacio-me na voragem do tempo
descalçando cada pedra encaixada na
esquina dos ventos
onde à varanda te espero cobrindo-te
com o edredom dos meus afagos
Deixarei ali sitiada as condolências
enterradas neste poema cruel
tamborilando na lápide da vida
que regurgita encharcada de benevolência
Aprontarei os caminhos traçados
nos labirintos da noite que feneçe
desalmada
expelindo todas as palavras unidas
na trincheira poética onde
adocico cada silêncio travesso
numa sintonia de gargalhadas
deliciosamente consumadas
Encerrei este poema quando morri
na hipotermia dos dias frios
mirando toda a existência esperando
pela luz repatriada na elasticidade
do tempo fatal
onde ratificamos este tratado
de amor madrugando em cada
lei ou decreto esculpido em nós
assim tão brutal
FC