”... e uma sereia nua cantando
soprando uma gaita de fole...”
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- Ato reflexo do abandono -
Foi calorosa noite de um dia frio,
mesmo com o vento gelado,
nuvens vermelhas anunciavam o estio,
poderia deixar o guarda-chuva fechado.
Havia uma sirene tocando,
orientando um GPS no console
e uma sereia nua cantando
soprando uma gaita de fole
em tom de marcha funérea.
No balcão da companhia aérea,
já me provocaram o suficiente,
chamando pela trombeta estérea,
em frente de toda aquela gente.
Não vi quando fizeram a mudança,
fiquei dormindo nu na sacada,
nem vi se toda a fina faiança,
foi adredemente embalada,
para começar a longa viagem.
Não me envergo de ter visto miragem
um homem comum se engana no verão,
nascer num país frio não é lá vantagem
quando se honra a troca de estação.
Só um covarde não gostou do acepipe,
mas não devolveu e levou embora,
alegando que dividiria com a equipe,
dois câmeras e o pessoal da edição sonora,
todos dividindo o apartamento ao lado.
Talvez o dia seja uma pouco mais nublado
do que bem preciso e mais necessário,
a verdade nua precisa de um ramo pelado
para sustentar-se sem um destinatário.
As tentações no deserto tiveram expansão vazia
térmitas comedoras de aço ameaçam as fundações,
no campo reservado para a mais valia,
pessoas esticam arames em firmes mourões
e vão estar onde jamais estivemos.
Aqui estamos e somos o que parecemos,
exceto atores de programas humorísticos.
Tudo se refere às palavras, então grafemos,
sem olvidar todos os aspectos apriorísticos.
Reconheço que pode haver uma só disputa,
causando arrepios de ódio no meio do outono,
na fronteira da esperança prossegue luta,
perseguindo a lebre o cão sem dono.
Tudo isso é puro ato reflexo do abandono
01042016
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."