Bem-aventurado, embriagado e patético,
naquele noite branca depois de beber,
olhando no espelho viu-se caquético,
apavorado, em dúvida se veria o sol nascer.
Pelas ruas procurou uma prostituta,
pelo menos estaria com alguém,
depois do orgasmo arrefeceu a conduta,
destratou a moça tratando-a com desdém.
- “Pelo menos não estaria solitário,
mas queria uma coisa melhor que você.
Não valeu esse vintém, me fez de otário,
não espere de mim nenhuma mercê. ”.
Baleado pela vodca bamboleou até o cais,
numa espelunca achou um travesti,
achou que aquilo não era nada demais,
natural como descer uma duna de esqui.
Até o amanhecer ficou com o traveco
quando o sol nasceu quase teve um treco.
Injuriado meteu-lhe um peteleco,
acabou pegando pela gola do jaleco,
assustando todos no boteco,
mais foi obrigado a pagar o pixuleco
que era o michê lá do traveco.
Não adiantou a cara de leco,
não adiantou nenhum xaveco
no grandão marinheiro sueco
que era o cafifa do boneco.
Assim sem eco,
saiu direto pra o beco
pegando um jornaleco
acendeu um cigarro,
ainda mareado
e foi bater um barro
já que estava precisado.
Depois, sem erro,
foi para casa dormir
já que ninguém é de ferro.