Um poema de Miqué Di L'Atrólloggus
Valentemente à beira do abismo,
cogito se morrer é bonito,
habitualmente não teria prazer,
mas a labuta me pesa desesperada.
Então compensaria ser herói,
blasfemar zombando de Deus
despir-se da decência.
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[...a natureza
da saída,
inquietação.
a recusa,
o destino...
costumava
também amar...]
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A resposta,
à chamada
à mútua
liberdade.
Ao chamado
acoplado,
sem amigos,
ao abrigo
de
cobertores
num
canteiro
de flores.
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Franquear o peito sob a jaqueta
resfriar o sangue abrasado,
a umidade vernal então respirar,
para desanuviar o rosto queimado.
Afinal, num salto precursor,
com denodo mergulhar,
flutuar poucos instantes.
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... sem amizades,
em queda livre,
da liberdade,
caindo só.
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Ao
redor,
despencando,
ao mesmo tempo,
peito aberto,
olhos francos,
a cerrarem
num instante,
apagar-se,
apegar-se
às criaturas
da vida
de todos,
diante
de todos.
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...
até o fundo
do abismo sem fundo
no fim do mundo.: