Prosas Poéticas : 

No fundo do fim...

 
 
Ilusionista dos sonhos

emerjo profundo na senda

de cada devaneio

escavando no meu ser

o clarão de felicidade que toda

a alma enxerga

quando desesperadamente

por ti tanto anseio


No fundo no fundo

deixo o luto dos meus

silêncios apaziguar-me

em teus galanteios

onde mendigo um pequeno

farrapo de alegria quando

nocturno te pastoreio


No fundo do fim

despojo neste tempo

um caudal de palavras

escritas em todas as horas

onde me esgueiro

acelarando toda esta excitação

trajada num verso que tateio


Enlevo-te daqui

num ameno silêncio

algemado às miragens

desta vida onde habito

quase excêntrico


No fundo do fim

ilumino os vitrais desta existência

dissimulando as sombras

recolhidas nesta transparência

espiritual

onde creio

me intruso em cada capítulo

colado à derme do tempo

que foge de permeio


Deixei sossegar para ti

toda a noite sedada

convertendo a luz dos pirilampos

numa marcha de incandescências

desfraldando o espectro

descalço deste destino

em cânticos de vigília

inspirando os versos

onde por fim me aconchego

e te escrutino


No fundo do fim

nos braços impetuosos de uma brisa

emolduro o relicário do tempo

onde incudo minhas dores

dormindo casualmente no regaço

do silêncio me consumindo inexoravelmente

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
Data
Leituras
538
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/03/2016 22:15  Atualizado: 25/03/2016 22:15
 Re: No fundo do fim...
Olá Frederico! Belo texto, gostei e repito
Dormindo casualmente no regaço do silencio me consumindo inexoravelmente
muito lindo