Imagino-me sozinho no universo,
ouvindo em silêncio o barulho da chuva
dias e noites à luz do luar,
só às estrelas confidenciar problemas.
Não haverá portas, nem caminhos,
o fim dos dias chegará,
quando um anjo negro abrir as asas,
apontando-me o palácio de gelo.
Creio que ainda haverá montanhas,
onde poderei procurar
raios de sol entre os picos,
enxugar uma ou outra lágrima,
meditar sobre a vida fugaz.
Ainda sinto albores do sol
na manhã de primavera,
sabendo que terei um dia
que deixar a velha varanda.
Terei tremores nas mãos,
olhos dispersos e perdidos
como fixos no fundo do abismo,
implorando por mais um dia,
poder ver mais um amanhecer.