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Duelo Pessoal

 
Duelo Pessoal
(entre o poeta triste e o poeta demente)

"Meu amor, meu doce amor,
Meu gemido de lamento,
Poema da minha dor,
Minha paixão, meu tormento..."

Cala-te, maldito poeta,
não lamentes perdições!
Amor não é mais que treta,
dos amantes de paixões.

Às armas, oh insolente,
espadachim de papiros
e penas... Escriba demente,
de palavras e suspiros!


"Meu amor, meu amor terno ,
de meu coração, fugido
em trevas rubras d' inferno,
meu doce amor perdido..."

Mato-te, bastardo vil,
que me danas de tristeza!
Poupa-me teu choro servil
de lama, cinza e pobreza.

Vivo p' ra além da morte
anunciada, prematura.
Vida é mera aventura
de guerra, donzelas e sorte.


"Beijo, meu amor desejado,
minha lágrima vertida,
em teu licor adamado,
bebo-te, em despedida!"

Vai-te! Vai, morre, parte
de mim, louco mendicante.
Não me condenes, por arte,
aos grilhões duma amante!


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Autor
Poeta.sem.Alma
 
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