Acordei meio envolta no silêncio que se fazia sentir no quarto abafado. Vi os raios de luz que entravam pelas frestas da persiana mal fechada e deixei-me ficar a olhar para ti, para a tua imagem presa na minha memória. Lembrei-me da tua simplicidade a sorrir, aquele jeito desprendido com que te entregas à timidez de mostrar a felicidade que sentes. Por momentos, desejei-te ali ao meu lado. Depois desejei não te ter, renegando o que sinto. Sei que a tua partida vai doer tanto ou mais do que dói agora a tua presença.
Preciso que me ajudes, sinto que não estou preparada para te amar até ao final dos nossos dias. Sei que já não conheço os sinais que o coração me vai dando, não do modo como conhecia. Daquele modo que me fazia querer ir contigo para qualquer parte do mundo. Agora não me importa mais a tua viagem. E eu sei que já compraste o bilhete de partida, só ainda não tiveste a coragem de me dizer a data.