De primeira a leviana era tia. Tão pouco sisuda que deixava dois terços de coxadela à mostra nos eventos. Me levava às quitandas pra comprar ovos e legumes com o vestidinho abaianado de sempre. De segundo a leviana era entretenimento. As quitandas eram eventos mais interessantes. Minha labuta com intuito de evitar o lúbrico era tão desgastante.... De terceira ela já era toda abrasileirada. Abaianada, andava descalça e dançava, hora e outra, entre cada passo assanhado mais que bem rebolado. Outro dia já era tudo de incasto. Eu, incauto, chamo-a para sentar no sofá enquanto vejo tevê - apenas eu e ela - e arquejo a libidinosidade de minh'alma corrupta. É ela! É ela! Eu penso. Hoje vai! Toda mostrada, aperto aquela carne flácida com tamanha voracidade que a danada esbarra-me um sorriso sujo e perturbador. Ela sabia! Ela sabia! Eu, em frenesi, calo àquela agiota da honestidade com beijo e meio... Sem tempo de pensar e ela já mostra toda a volúpia de uma vez só. É coisa demais mas eu aguento! Entre beijos carnais e abalroadas de carne a carne a turba em minha mente alça a sentença insensata: É agora! É agora! Agora vai! Meu ser erige e anima seu sorriso avaro a pancadas, tapas e gritos. Sua crina, já despenteada, sufoca minha honra e o ambiente, cada vez mais abafadiço, ecoa a lascívia brasucada da percussão desenfreada de meu vai e vem. Agora vai! E ela empurra-me com tamanho desprezo, digno de boa súcia, misturado com fagulhas de desejo chamuscando no ar. A flâmula erige no ápice do gozo: a desgraçada deitada já se veste. E eu, só agora, dei-me conta de pensar...
Foi ela! Foi ela!
Luiz Pantaleão.Escrito há poucos meses. Dois mil e dezesseis.