Depois de chegar ao quarto dela reparei que o candeeiro estava tapado
tinha um lenço vermelho como que para dar uma outra tonalidade à luz
fazendo com que o ambiente se impregnasse de um odor a incenso
provocando com que me libertasse das minhas roupas e me abraçasse fortemente
Escondendo na mão uma pequena chave, lentamente abriu uma gaveta
retirando uma máscara de couro, pedindo-me que lha colocasse
mantendo só um véu sobre o ombro esquerdo
mostrando todo o resto do seu corpo provocantemente
Atirando-me sobre a cama
percorreu o meu peito com a língua, descendo lentamente,
molhando a minha pele, mordendo a minha carne,
enquanto percorria com as unhas os meus braços
beijando-me mordazmente
Chegada à torre do meu castelo desviou a viagem
passando a vaguear nas minhas coxas,
tocando no sino vigorosamente com as suas mãos
sabendo que me faria sentir um herói regressado
Colocou a sua boca na taça cheia,
lambendo os rebordos, beijando o pé
conseguindo que as borbulhas se sentissem vivas
sorvendo o néctar com prazer
Sentada sobre mim, qual cavaleira na pradaria,
fazia com que eu olhasse o deambular dos sinos
repicando ora lenta, ora rapidamente,
suplicando que os tocasse como quem pega nos morangos
Julguei estar noutro planeta, vendo estrelas novas a brilhar
fixando os seus olhos repletos de vontade de ser consumida
rodando o corpo para procurar o anel caído no lençol de seda
guiando-me para trás e fazendo com que a minha espada
se embainhasse em óleos preparados na sua mais fechada entrada
Senti-me príncipe amante,
deixando o seu corpo descair,
virando-a para mim de frente
sendo agarrado pela cabeça
numa respiração ofegante
cavalgando o caminho
até sentir a explosão da sua fonte
oferecendo no meu vigor
a tão ansiada expulsão
dos cristais que lhe guardei
e enterrei no seu baú.
Madrugada de constelações,
estrelas cadentes,
Lua que corou
de tantas convulsões
Delfim Peixoto © ®