Essencial era sobreviver,
não lamentar nada,
aceitar os resultados
mesmo sob a chuva
na pista de danças.
Mais da metade da vida
passei conjugando verbos
no tempo condicional
como se pedisse licença.
Meio à fumaça doce,
percebo a decadência;
mantenho a cabeça nua
mesmo desconfortável
debaixo do chuveiro,
mesmo insuportável
na escuridão que intoxica
ante a fingida decência.
Seria bom estar no topo,
ter amor sem precedentes,
submeter-se a ele
em doces momentos de paz
ate o final da eternidade.
Seria bom não me apressar
num carrossel de temas aleatórios,
rabiscando poemas
indispensável atividade maior.
Infelizmente meus temas são tristes,
não seria romântico sobre a morte,
seria arrogante e impreciso
Não me perguntem
o significado dos versos soltos,
esparsas linhas óbvias
nas quais não farfalha a folhagem
nem suspiram corações;
astros celestes não iluminam
paisagens inofensivas.
A resposta seria simples:
este poeta não é confiável
ao escrever versos de amor!