Nem Tu Senhor
Subitamente fez-se escuro
Nas profundezas do imaturo
Sumira-se o regaço do andarilho
Revolteei então no pecadilho
Remoendo o fel fétido do sarilho
Renegado o latrocínio
Rosnava meu infortúnio
Numa vagueação infindável
Enjeitava o insuportável
De tão amargo e abominável
Muitas vezes Dele duvidei
Noutras ocasiões O esqueci
Em tantas O Incompreendi
Imensas não O reconheci
E em quantas mil enraiveci
A luzerna voltou a soltar rama
Alumiou-se a ténue chama
Desvanecida no decurso da trama
Deflagrando atraente clareação
Com elevado amor e exaltação
Mas fundura triste traça
Aquela outrora criança
Pois soldada à sua braça
Ceifando alma chagada
Rilhava herança gelada
Nesse inacabável orfanato
Ao entardecer Ele me fez ver
Apenas se tratou de um hiato
Que se apressou a preencher
A oferta deveras sublime
Calibrada de namoratório
Compreensão e recreatório
Foi-o para o resto do vime
E manteve-me o carácter
Da individualidade ter
E como sempre quis ser
Vivendo cada dia a ter
Foi nestes complexos hipogeus
Ou evidente desígnio de Deus
Ora odiável ora agradável
Que me encontrei adaptável
Sinto-me grato pelas Suas talhas
E consciente que noutras escolhas
Pelas fraquezas das minhas penas
Tudo seria diferente.Farpas apenas
Bendigo Sua custódia
Gabo Sua misericórdia
Louvo Sua sabedoria
Elogio Sua benfeitoria
Mas não consigo entender
Nem sequer esquecer
Tão pouco abranger
Muito menos responder
Jorros de pranto
Vagas de encanto
Ganhando tanto
Perdendo tanto
Alguém me explica?
Nem Tu Meu Senhor?
JP