E depois escrevi estes versos
no sossego de um dia
murchando devagarinho
reconciliado num adeus,
até depois… tão órfão e peregrino
Foi num espaço decretado
de tempo
que pavimentamos o soalho
da vida
repleto de sedução
caminhando pelas ruelas
da saudade quase desbotada
implorando urgente
uma singela obra de manutenção
E depois…o adeus
despedindo-se dentro de nós
ao desencontro do nada que resta
indiferente à perpétua hora
morrendo devagarinho num recanto
qualquer perdido na fresta
ou no silêncio dos teus prantos
E depois…o adeus
abandonando-me de vez
melindrado
vulnerável
formal
deixando na plataforma deste versos
o som do canto aflito
demorando na despedida
o aperto comovido do adeus
na hora da partida
E depois…o adeus
partindo pra lugar nenhum
demorando a presença do teu ser
esquecido
encontrar o nosso remetente
amenizando as cicatrizes
umbilicalmente abraçadas a estes versos
que deixamos amortecidos
na matriz do tempo
algoz e sem outra directriz
Será apenas só mais fácil
sonhar-te cada noite
imaginar pra lá de um
sumido sonho
o reencontro da vida fecundada
na antecipação de uma lágrima
alimentando cada ciclo de um adeus
onde me aventurei como passageiro
desta saciada existência madrugando
na chama das lembranças eternamente
camufladas
onde me fiz teu fiel hospedeiro
FC