Flutuaste... Feito um balão de magia
Num céu salpicado de todas as tintas
Lembrando os quadros da antiga Gália
Talvez a triste torre onde vivia Ismália.
E rias... Um sorriso leve de tal formosura
Feito bailarina valsando na noite imprópria
Rodopiando numa rua descalçada e escura
De uma forma solitária, suave e simplória.
E rio... E mar de mim na felicidade dúbia
E ambígua quando o céu da boca toca a língua
Lembrando dos nossos beijos na antiga Núbia
Que, esquecidos, morreram à margem e a míngua.
E mais... Uma folha arrastada chega até o cais
Movida por vagas espumosas e mui agressivas
Assim como Shelley, autor de deliciosas missivas,
Calado o canto no Golfo de Spezia pelos temporais.
E findo o poema num momento único e letárgico
Quando no meus sonhos eu repousava sobre flores
Observando na abóbada o multicolor balão mágico
Lembrando de Werther, do fim das minhas... Dores.
Gyl Ferrys